Estamos na Pós-Literatura?
Como o ChatGpt e os Best-Sellers podem estar acabando com a própria comunidade de leitores
Estive lendo Sapiens pela primeira vez, confesso que me rendi aos Best Sellers. A leitura, por mais que estivesse sendo rápida e conseguindo reter bem as informações sobre a origem da humanidade, diversas espécies homo e como a fofoca colaborou para uma evolução comunicativa essencial para a sobrevivência de nossa espécie, percebi que a gramática de um livro tão rico em informações fosses tão medíocre. Eu tive uma experiência semelhante lendo a Coolen Hover, foi como um pseudo deja-vu. Era de uma simplicidade que motivaria a um leitor mais erudito pensar: "Parece que foi escrito por um adolescente que sua experiência da literatura se resumisse a 48 Leis do poder."
Por mais que não seja de meu afinco, comecei a ler outros livros considerados "Best-Sellers" ou famosos na Amazon, não me contentando em apenas aparecer os mais vendidos, coloquei na aba de pesquisa "tiktok" e fui ver aqueles que possuíam títulos que relacionassem a tal público e li o que considerei o suficiente. Era um padrão de vendas possui um repertório linguístico são esdruxulo, o que explicaria o sentimento de parecer estar lendo o mesmo autor em diversos livros.
Pode não parecer mas esse evento possui um nome: Pós-Literatura!
Antes que você fique pensando algo como: "Por que você deixou o último texto sem conclusão?" Não se preocupe, você pode ver tanto este quanto os outros textos como uma "parte dois, três ou até quatro". Não tenho e nem tive compromisso com conclusões, por mais que isso seja uma compulsão minha. No entanto, vou deixar o trabalho de concluir a você, para que comece a exercitar um pouco seu pensamento crítico. Contudo, caso você goste dos meus textos e queira me apoiar, inscreva-se no meu blog. Você receberá textos exclusivos e poderá ler tudo na íntegra e antes de todos.
Por mais clichê que pareça, o prefixo escrito anteriormente sempre indica um tipo de visão negativa sobre o que está após o hífen. Muitos do que consideramos os críticos da escrita e a mídia no geral nunca falaram de fato sobre a literatura ou sobre o futuro dela de forma ruim, o que fazes com que você tenha sua sobrancelha levantada ao ler tal termo. Contudo, irei lhe explicar junto a uma pesquisa tanto internacional quanto nacional sobre a alfabetização.
A OCDE realizou um projeto de pesquisa sobre os países com o objetivo de medir as habilidades de alfabetização. Infelizmente o Brasil não esteve incluso, mas há um tempo houve uma pesquisa envolvendo crianças de escolas públicas e particulares que evidenciaram uma perda completa da alfabetização. Retomando, o objeto de estudo foram pessoas adultas, entre 18 e 31 anos que foram postos a vários testes envolvendo literatura, matemática e resolução de problemas do dia-dia.
Os únicos que tiveram resultados realmente positivos foram a Finlândia, com "notas" altíssimas nos testes. Entretanto, o homem americano teve um resultado não só abaixo do esperado como foi feito exames psiquiátricos para terem certeza que não estavam lidando com alguém com limitações sociais ou cognitivas. “Trinta por cento dos americanos leem em um nível que você esperaria de uma criança de 10 anos”, disse o diretor de educação e habilidades da OCDE, "Na verdade, é difícil imaginar — que uma em cada três pessoas que você encontra na rua tem dificuldades para ler até mesmo coisas simples."
Retomando o estudo nacional, as crianças foram submetidas a uma leitura simples de um conto de mil e quinhentas palavras. Crianças que reside ou residiram em escola pública tiveram um resultado tão alarmante que foi considerado um caso de extrema ajuda. Naturalmente é esperado de uma criança do quinto ano a capacidade de ler pelo menos 60 palavras por minuto. As crianças mal conseguiam ler 3 palavras em 9 segundos. O que fez com que o MEC levantasse a bunda da cadeira e fizesses mais programas de auxílio e revertessem o problema.
Entretanto, o problema ainda persiste e é evidente entre as editoras da literatura moderna. Não é surpresa de que eu também seja um escrito e esteja escrevendo meu próprio livro, e, sendo um livro de filosofia, o uso de ferramentas como ChatGpt se tornou uma alternativa bastante seduzente e palatável. Consumo diariamente vídeos sobre técnicas de escrita e vejo um outro problema também nas formas de escrita ensinados por criadores de conteúdo. Tudo que havera em seus ensinamentos não é nada mais do que chamamos de descrição de uma ação. Não é passado uma aula simples de gramática, conjugação de verbo e como poderá analisar textos de escritores geniais e perceber tal gramática e estruturação de frase e ritmo.
Eles vendem storytelling e não escrita criativa de fato, como, em uma analogia, se fosses um vendedor de curso sobre como fazer um suco mas ao em vez de ensinar a fazer o suco com tais ingredientes, apenas compra um pó que simula muito bem o sabor de um delicioso suco de uma fruta madura e vende como se tal fosses um curso.
Mas não é somente a comunidade de leitores, estudantes possuem muito disso, onde muitos ensinam a usar o ChatGpt para criar redações e outros vendem fórmulas prontas de redação que prometem mais de 900 pontos. E toda essa "Castração Artística" não só demonstra que o próprio público se mantém em uma mesma bolha, até de conhecimento, e que os moldes do que pode ser considerado artisticamente genial são outros. Mesmo que sejam moldes supérfluos, como a retórica tão pleonástica que faz com que tenhas um parágrafo inteiro direcionado a uma descrição de um por do sol bonito. Por mais que haja uma tendência no mercado dos livros, é nítido um padrão tão repetitivo — sem contar obras feitas por IA e publicadas na Amazon — que faz com que a era da pós-literatura, onde ela não passa a ser um meio de comunicação informativa e passa a ser apenas uma outra forma de entretenimento luxuoso.